Brasil gasta 1,2 bilhão de dólares por ano com a Dengue

Estudo concluiu que se gasta com a doença 1,2 bilhão de dólares. Levantamento realizado em seis capitais brasileiras avaliou cerca de 2 mil pacientes atendidos nas redes pública e privada de saúdeA cada dia, fica mais evidente a gravidade da dengue para o Brasil. O país enfrenta uma epidemia praticamente permanente – só em 2015, até 12 de setembro, já foram registrados 1.438.497 casos da doença (mais que o dobro de registros de 2014, que foram em torno de 590 mil), sendo 1.318 casos graves e 709 mortes, o que representa um aumento de 71% em comparação com o mesmo período do ano passado. Trata-se de um problema de saúde pública. Além do desconforto dos sintomas e do risco de óbito, a dengue provoca também impactos financeiros.

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Os custos da doença para o País podem chegar até 1,2 bilhão de dólares por ano, o equivalente a cerca de 4,7 bilhões de reais. O valor faz parte de um estudo conduzido em seis capitais de quatro regiões brasileiras – Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Goiânia, Recife, Teresina e Belém – publicado na revista científica Plos de setembro.
A pesquisa contou com a coordenação nacional do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães-Fiocruz Pernambuco e da Universidade de Pernambuco e com o apoio da Sanofi Pasteur, a divisão de vacinas da Sanofi. Foram avaliados 2.035 pacientes, atendidos em ambulatório ou hospital, dos setores públicos e privados de saúde, no período entre setembro de 2012 e agosto de 2013.
Essa investigação é a mais atualizada e representativa incluindo diferentes regiões endêmicas de dengue no Brasil e avaliou o impacto econômico da doença sob dois aspectos, o da sociedade e o do Sistema Único de Saúde (SUS).
Perspectiva da Sociedade 
A pesquisa concluiu que os custos da dengue para sociedade brasileira são de 468 milhões de dólares por ano. Montante que pode chegar a 1,2 bilhão de dólares, quando são considerados os casos sub-reportados – estima-se que para cada caso de dengue registrado, existam outros dois ou três não reportados.
“Estes custos mostram a importância de se avaliar estratégicas efetivas de prevenção à doença, para, dessa maneira, reduzir o custo da doença no país”, explica João Bosco Siqueira Junior, professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás (UFGO) e um dos autores do estudo.
Cada paciente ambulatorial custa para a sociedade 163 dólares, enquanto o hospitalar custa 465 dólares.
Esta perspectiva engloba os custos da doença sob um enfoque mais amplo, como os gastos diretos (médicos e não médicos) e os gastos indiretos: 
- Custos diretos médicos: medicamentos, exames e consultas pagas pelo SUS, por empresas de Saúde Suplementar (como planos de saúde) ou pelo próprio indivíduo.
- Custos diretos não médicos: são aqueles desembolsados com transporte e alimentação associados a uma necessidade decorrente da doença. Exemplo: quando um paciente tem que se locomover em uma distância maior para ser atendido.
- Custos indiretos: impacto na queda da produtividade, faltas ao trabalho e à escola, tanto de indivíduos acometidos pela doença, como seus cuidadores.
Perspectiva do SUS 
Já sob o ponto de vista do sistema público de saúde, estes custos são de 164 milhões de dólares e podem chegar a 447 milhões de dólares por ano, quando levado em consideração o ajuste de sub-registro, ou seja, a estimativa de que para cada caso de dengue registrado, existam outros dois ou três não reportados.
Cada paciente ambulatorial custa para o sistema público de saúde entre 25 e 48 dólares. Já no ambiente hospitalar, se gasta para cada pessoa com dengue entre 198 e 376 dólares.
Esta perspectiva avaliou o quanto é gasto pelo Sistema Único de Saúde com cuidados com o paciente com dengue, considerando custos médicos diretos, como gastos com medicamentos, exames e consultas no SUS. A maior parte dos gastos (42%) para o sistema foi derivado de consultas médicas, seguido por testes de laboratório (35%).

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