Síria registra novos ataques após acordo entre EUA e Rússia

Redutos rebeldes foram bombardeados neste domingo (15). EUA e Rússia fecharam acordo para remover as armas químicas do país. Do G1, em São Paulo 44 comentários A Síria registrou novos ataques em redutos rebeldes de Damasco neste domingo (15), um dia após o acordo entre Estados Unidos e Rússia para remover as armas químicas do país. Ataques aéreos, bombardeios e ataques de infantaria no subúrbio de Damasco foram registrados na manhã deste domingo, depois de um recuo após o ataque químico de 21 de agosto, que provocou a ameaça de um ataque norte-americano. De acordo com a agência Reuters, os ataques teriam sido feitos por aviões de guerra sírios contra redutos rebeldes da capital. Outro atentado em uma estrada de Idleb deixou ao menos três pessoas mortas, incluindo um jornalista que trabalhava para uma revista do governo, informou a agência oficial Sana. O ataque também deixou nove feridos e provocou danos materiais. saiba mais EUA e Rússia fazem acordo sobre crise síria, diz John Kerry Entenda a guerra civil na Síria Pelo acordo firmado entre Estados Unidos e Rússia, a Síria terá de entregar em uma semana informação sobre seu arsenal de armas químicas para evitar um ataque. Se a Síria não cumprir os procedimentos para eliminar suas armas químicas, a ameaça de uso de força será incluída em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU Ao mesmo tempo em que se registraram os ataques, Damasco comemorou neste domingo o acordo entre Estados Unidos e Rússia para desmantelar o arsenal químico sírio, afirmando que ele "permitiu evitar a guerra", declarou o ministro sírio da Reconciliação, Ali Haidar. "Nós saudamos este acordo. Por um lado, ajuda os sírios a sair da crise e, por outro, permitiu evitar a guerra contra a Síria ao deixar sem argumentos quem queria desencadeá-la", disse o ministro à agência estatal russa Ria Novosti. "Este acordo foi possível graças à diplomacia e ao governo russo, é uma vitória para a Síria graças aos nossos amigos russos", disse Haidar. O presidente Barack Obama disse que ainda poderá lançar ataques se Damasco não seguir o plano de desarmamento de nove meses da ONU desenhado por Washington e Moscou. Os rebeldes sírios, chamando o foco internacional para o gás venenoso, evitaram comentar se o pacto poderia levar a conversas de paz e disseram que Assad retomou uma ofensiva com armas regulares agora que a ameaça de um ataque aéreo dos Estados Unidos diminuiu. Acompanhe a cobertura em tempo real As respostas internacionais para o acordo de sábado foram cautelosas. Os governos do Ocidente, cuidadosos com Assad e familiares com os anos de inspeções frustradas da ONU no Iraque de Saddam Hussein, citaram as enormes dificuldades técnicas de se destruir um dos maiores arsenais químicos em meio a uma guerra civil. Um líder da oposição em Damasco ecoou a decepção entre os líderes rebeldes: "ajudar os sírios significaria acabar com o derramamento de sangue", disse. Estima-se que o ataque químico tenha matado apenas centenas de mais de 100 mil mortos na guerra que também forçou um terço da população a deixar suas casas desde 2011. Repercussão O chefe da Liga Árabe (LEA) saudou neste domingo o acordo sobre o desmantelamento de armas químicas sírias concluído em Genebra neste sábado pela Rússia e pelos Estados Unidos. A entidade estima que o acordo abre caminho para uma 'solução política' para o conflito sírio. Nabil al-Arabi afirmou em comunicado que o acordo 'contribui para dar melhores condições de chegar à conferência de Genebra-II e conseguir uma solução política para a crise síria'. Em comunicado, Obama disse que o acordo foi um importante passo em direção para colocar as armas químicas da Síria sob controle internacional para que, finalmente, sejam destruídas. O negócio surgiu a partir de conversas entre o secretário de Estado dos EUA, John Kerry e ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, saudou o acordo alcançado entre Rússia e Estados Unidos sobre o arsenal químico sírio e expressou sua esperança de que isso leve ao fim do "horrível sofrimento" dos sírios, informou seu porta-voz. Ban tem a "fervorosa esperança" de que o acordo obtido consiga prevenir qualquer uso de armas química e que ajude a pavimentar o caminho para uma solução política que detenha o horrível sofrimento infringido aos sírios", assinalou Vannina Maestracci. O líder cubano Fidel Castro elogiou a 'inteligente iniciativa' da Rússia que conseguiu evitar um ataque 'demolidor' dos Estados Unidos contra a Síria, que teria provocado uma 'catástrofe mundial', em um artigo publicado neste sábado (14) pela imprensa local. "O risco de o conflito ocorrer com suas consequências terríveis parece ter diminuído, graças à inteligente iniciativa russa", ressaltou Fidel em sua coluna com data de 10 de setembro, dia em que o regime de Damasco aceitou a proposta da Rússia de submeter seu arsenal químico ao controle internacional e destrui-lo. "Celebro o acordo obtido hoje entre o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, sobre a eliminação de armas químicas sírias", afirmou o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, em nota divulgada no sábado. O Reino Unido "saúda" o acordo entre Estados Unidos e Rússia para a eliminação do arsenal de armas químicas sírio, declarou neste sábado o chefe da diplomacia britânica, William Hague, afirmando que a tarefa 'urgente' de aplicar o texto vai começar a partir de agora. O líder da oposição síria, chefe do Conselho Militar Supremo, general Selim Idris, disse neste sábado (14) que o acordo entre Estados Unidos e Rússia é um golpe contra a revolta de dois anos e meio que tenta derrubar o presidente Bashar al-Assad.

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