Ex-governador Serra nega ter sugerido acordo com empresa concorrente

A empresa Siemens, que faria parte do esquema, estaria colaborando com a investigação

Categoria: Política

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Por Amanda Souza
Em divulgação do jornal "Folha de S. Paulo", nesta quinta-feira (8), foi afirmado através de um e-mail que um executivo da Siemens enviou a superiores em 2008, que José Serra (PSDB), na época o governador de São Paulo, teria sugerido que a empresa entrasse em um acordo com a concorrente para evitar que uma possível disputa judicial de ambas pelo contrato provocasse atraso na entrega de trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). 
O e-mail faz parte da documentação entregue pela Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ligado ao Ministério da Justiça, que apura a suspeita de formação de cartel para a venda e manutenção de trens do Metrô e da CPTM em São Paulo.
O cartel é um acordo ilegal entre empresas concorrentes para elevar os preços de seus produtos e serviços e obter maiores lucros, havendo combinação para que cada empresa ganhasse a licitação para um tipo de serviço.

A mensagem no e-mail relata uma conversa que o então diretor da Siemens, Nelson Branco Marchetti, diz ter mantido com o ex-governador e com o então secretário de Transportes Metropolitanos do governo do PSDB, José Luiz Portella. De acordo com o e-mail, Serra avisou que cancelaria a licitação se a CAF fosse desqualificada na briga judicial, mas que ele e o secretário considerariam outras soluções para "atenuar de alguma forma o apertado cronograma de entrega"
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Ao portal de notícias "G1", José Serra negou a conversa com o executivo da Siemens e classificou as informações como 'absurdas'. O ex-secretário Portella afirmou ao jornal "Folha de S. Paulo" que "as acusações são absurdas" e negou irregularidades.
Com base no e-mail do executivo da Siemens, uma das soluções sugeridas seria a CAF dividir o pedido com a Siemens, subcontratando a empresa alemã para a execução de 30% do contrato – 12 dos 40 trens previstos. A outra solução seria a CAF encomendar à Siemens componentes dos trens.
Porém, o acordo não aconteceu. A CAF foi vencedora da licitação e a Siemens não obteve sucesso judicialmente no recurso. O contrato foi executado pela empresa da Espanha sozinha, sem subcontratar a Siemens ou outras empresas.
Procurado pelo jornal "Folha de S. Paulo", Serra disse que não se encontrou com executivos das empresas interessadas no contrato da CPTM e que licitação foi limpa. O jornal destacou que o e-mail não sugere que Serra tenha cometido irregularidades.
A empresa Siemens entregou documentos ao Cade em que afirma que o governo de São Paulo sabia e deu aval à formação de um cartel que envolveria 18 empresas – participantes subsidiárias da francesa Alstom, da canadense Bombardier, da espanhola CAF e da japonesa Mitsui. O suposto cartel teria funcionado de 1998 a 2008, nos governos Covas, Alckmin e Serra, do PSDB.
Segundo promotores, há mais de 200 inquéritos que investigam irregularidades envolvendo Metrô e CPTM na Promotoria de Justiça da Cidadania.


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