Duas profissionais do 'Mais Médicos' desistem de atuar no Recife

Médicas atenderiam em postos situados em comunidades pobres da capital.
Outros 3 médicos ainda não foram localizados pela Secretaria de Saúde.

Luna MarkmanDo G1 PE
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Alagoana Adeisa Maria Toledo, 57, se apresentou na unidade Alto Santa Terezinha, na área central do Recife (Foto: Luna Markman / G1)Alagoana Adeisa Maria Toledo, 57, se apresentou na unidade Alto Santa Terezinha, na área central do Recife (Foto: Luna Markman / G1)
Duas profissionais brasileiras selecionadas para atuar no “Mais Médicos” no Recife desistiram de atuar no programa antes mesmo de começar a trabalhar em unidades de Saúde da Família (USFs).  Elas comunicaram a desistência na tarde desta segunda-feira (2), informou a Secretaria de Saúde da capital. As duas médicas, que são pernambucanas, atenderiam nos postos do Alto do Pascoal (Zona Norte) e Jordão Alto (Zona Sul), ambos situados em comunidades pobres. Atualmente, a cidade precisa de 43 médicos para completar as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF).

Além das duas desistentes, outros dez médicos foram selecionados para o Recife. Seis deles se apresentaram hoje. Eles vão trabalhar em unidades de Saúde da Família situadas nos bairros de Santo Amaro (posto Alto Santa Terezinha), de Campina do Barreto (posto Luis Wilson), do Jiquiá, do Coqueiral e de Areias (postos Chico Mendes e Jardim Uchoa). Segundo a Secretaria de Saúde, um sétimo médico confirmou que se apresentará na próxima quarta (4), na comunidade do Vietnã, no bairro dos Torrões, Zona Oeste.
Posto Alto Santa Terezinha, em Santo Amaro. (Foto: Luna Markman/G1)Posto em Santo Amaro atende a cerca de 3.500 moradores
(Foto: Luna Markman/G1)
Os três médicos restantes ainda não foram localizados. A Prefeitura do Recife informou que o setor de recursos humanos da Secretaria continuará a busca e que o Ministério da Saúde não determina prazo para essas apresentações, mas ressaltou que uma nova lista com profissionais brasileiros aprovados no programa será divulgada na sexta-feira (6).

A reportagem do G1 acompanhou, nesta tarde, o acolhimento da médica alagoana Adeisa Maria Toledo, 57 anos, na unidade Alto Santa Terezinha, Santo Amaro, área central da capital. O local abriga duas equipes de saúde da família e uma delas estava sem médico há mais de dois anos. Adeisa ficará responsável pelo atendimento de cerca de 900 famílias da localidade.

Com 11 anos de experiência em postos, emergência e vigilâncias Sanitária e Epidemiológica de Brasília e Alagoas, a médica conheceu hoje os colegas com quem irá trabalhar. A carga horária dela será de 40 horas por semana, com dedicação exclusiva. "Sempre atuei na área de atenção primária da rede pública. Ainda é tudo muito novo. Não conheço bem a cidade nem o bairro. Escolhi Recife porque Maceió não se inscreveu no programa. Só saio daqui em caso de permuta, pois não quero deixar a comunidade descoberta", disse.

Durante o acolhimento, Adeisa conheceu o médico que atua na outra equipe, o gaúcho Leando Vanzella, que se formou em Cuba e teve o diploma revalidado na Universidade Federal do Mato Grosso. "Estou aqui desde abril, e me dispus a ajudar a outra equipe, porque a população não tem culpa, mas estava apenas receitando remédios controlados e fazendo uns atendimentos de urgência em crianças, pois tenho as demandas próprias da minha equipe já", explicou.
Adeisa conheceu hoje a equipe de trabalho (Foto: Luna Markman / G1)Adeisa Toledo conheceu hoje a equipe de trabalho
(Foto: Luna Markman / G1)
A médica também conheceu alguns pacientes, como a dona de casa Shirley Mesquita, mãe de Hassada, com apenas cinco meses. "Fico feliz que tenha uma médica nova, é bom, mas tem que resolver também questões como falta de gaze, remédio. Uma vez precisei de paracetamol e não tinha. Outra vez minha menina precisava de uma vacina e não tinha agulha. Aí é difícil para nós", comentou.

Adeisa afirma que encara o problema como desafio. "Sei que a situação, a carência aqui é igual a que encontramos em muitos cantos do País. E falta de medicamento, por exemplo, é algo momentâneo, que pode ser suprido. Em postos, nós acabamos trabalhando mais fora, dando orientações sobre alimentação, saneamento, do que fazendo atendimento ambulatorial. Essa situação não desanima, é um desafio. E só de ter um médico, a população já se sente mais segura", explicou.

A gerente do Distrito Sanitário 1 do Recife, Alessandra Araújo , que engloba o posto do Alto Santa Terezinha, informou que vai averiguar a denúncia de falta de remédios e materiais. "Eu desconheço essa falta de medicamentos e agulhas; às vezes, há uma dificuldade de comunicação, mas vou procurar me informar sobre isso. Sei que o posto precisa de alguns reparos e já estamos com um plano de requalificação das unidades para dar mais qualidade ao atendimento, só que ele é por gradação, ou seja, a unidade que precisa de uma reforma mais imediata será adequada primeiro, o que não é o caso desta", apontou.

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