Com ameaça de protestos, 2 mil PMs vão atuar no Centro do Rio em desfile

Delegados e promotores do Ministério Público terão plantão reforçado.
Cabral e Paes não vão participar das celebrações do Dia da Independência.

do G1 Rio
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A Secretaria  de Segurança Pública do Rio anunciou que vai reforçar o esquema de segurança no centro da cidade neste sábado para o desfile de 7 setembro. Cerca de dois mil policiais militares estarão nas ruas, como mostrou o RJTV. Também haverá reforço no plantão dos delegados e promotores do Ministério Público para atender aos casos de flagrantes.
O secretário José Mariano Beltrame disse que espera que as manifestações ocorram sem atos de vandalismo. "Nós, sem dúvida, nenhuma esperamos, como qualquer brasileiro, que as manifestações existam sim porque são movimentos desejados não só pela população fluminense mas como pela população brasileira. Mas a gente entende que essa manifestação ela é muito mais bonita e muito mais legítima para todos nós se ela for feita dentro do que a própria democracia prega que é a ordem."
As assessorias do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes informaram que eles não vão comparecer ao desfile neste sábado porque têm outros compromissos.
Efetivo reduzido em desfile
Os protestos marcados na internet para 7 de setembro levaram as Forças Armadas e a Polícia Militar a reduzir seus efetivos na participação do tradicional desfile cívico em comemoração ao Dia da Indepedência no Rio, com adiantou o G1. O Exército, que coordena o evento na cidade, confirmou à reportagem a redução de 40% no efetivo – considerando também Aeronáutica e Marinha – em razão de ameaças de ataques durante o evento.

Segundo o Exército, com a diminuição do número de participantes, o tempo de evento será reduzido de três horas para, no máximo, duas. Além disso, o desfile, que terá carros de combate, viaturas militares e tropas a cavalo, ocorrerá apenas na Avenida Presidente Vargas, deixando a Avenida Rio Branco, no Centro, livre para que seja ocupada por manifestantes.
O relações-públicas do Comando Militar do Leste (CML), coronel Roberto Itamar Cardoso, admitiu que o motivo da medida são "ameaças de ações violentas" durante o desfile cívico.
"A redução do efetivo ocorreu a pedido das autoridades por conta das manifestações previstas. Não as pacíficas, que não alteram em nada o desfile, mas em razão das ameaças de ações violentas. Temos que considerar que não haverá apenas militares, mas crianças e idosos no evento. Por isso, todo o planejamento de segurança considerou a possibilidade de interferências violentas no desfile, agressões à tropa e ao patrimônio da União. Se isso ocorrer, o Exército vai atuar", explicou o coronel.
O Comando Militar do Leste informou ainda que ativará o Centro de Coordenação de Operações no Palácio Duque de Caxias, no Centro do Rio, para gerir segurança, inteligência e logística do evento.
Pela 1ª vez, PM levará apenas alunos
Tradicionalmente, policiais militares do Batalhão de Choque (BPChq), Batalhão de Operações Especiais (Bope), entre outras unidades da corporação, participam do desfile cívico anual. No entanto, pela primeira vez na história, a PM do Rio será representada no evento apenas por 200 alunos da Academia de Polícia Dom João VI. A informação obtida pelo G1 foi confirmada pela Polícia Militar.
O objetivo é aumentar o efetivo da corporação no policiamento das ruas devido aos protestos. Policiais militares contaram à reportagem do G1 que há também um temor interno de que PMs do Batalhão de Choque – sempre presentes nos protestos – se tornem alvos de vaias e até mesmo agressões por parte dos manifestantes. Há pelo menos cinco protestos marcados para o próximo sábado em páginas do Facebook.
Para a antropóloga e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Ana Paula Miranda, mais do que um temor, as medidas refletem uma mudança no comportamento político.
"Mais importante que o medo é pensar que as manifestações têm produzido mudanças no comportamento político. Mudar um rito fundamental da ditadura militar é algo é importante, assim como tem sido a Comissão da Verdade. Não se pode apagar o passado, mas é preciso ter coragem para transformar o presente. A democracia brasileira precisa de novos ritos políticos", disse a pesquisadora.
Identificação de mascarados
Desde terça-feira (3), por autorização judicial, todo mascarado em manifestações poderá ser abordado por policiais para que mostre o rosto e apresente um documento de identidade com foto, além de poder ser levado para a delegacia para que seja identificado criminalmente, com imagens e impressão digital. Questionada por alguns juristas, a medida judicial foi obtida pela Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (Ceiv).
Na quarta-feira (4), uma operação da Polícia Civil prendeu três administradores da página Black Bloc e  dois menores. Eles serão indiciados por formação de quadrilha armada e incitação da violência, crimes inafiançáveis.

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