Cidade no Agreste de Pernambuco vira exemplo ao reaproveitar lixo

Grupo de MG criou projeto para Sairé, que conseguiu recursos na Holanda. Cidade está mais limpa e recebe R$ 40 mil por mês do ICMS Ecológico.

Do G1 PE
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Um problema que atinge todas as cidades está sendo resolvido de forma simples e eficiente no Agreste de Pernambuco. EmSairé, a 110 km do Recife, a educação é uma aliada para deixar a cidade mais limpa. O programa que trata o lixo deu tão certo que está servindo de exemplo para outros municípios.

Sairé, conhecida como a Terra da Laranja, tem 11 mil habitantes e uma vida considerada tranquila. Com o programa “Sairé Cidade Saudável”, aos poucos, a rotina está mudando no município. A praça, agora, tem lixeiras, que também estão espalhadas por toda a cidade. O hábito de jogar o lixo no lugar certo é trabalhado na comunidade e nas escolas. “A gente sempre mantém tudo no lugar, no lixo, e quando um bagunceiro quer jogar fora, a gente pega no pé e manda jogar no lixo”, comentou a estudante Camilla Belchior.

A cidade produz seis toneladas de lixo por dia. Tudo é trazido para a Unidade de Triagem e Compostagem (UTC), onde 15 coletores fazem a separação do lixo. O material orgânico é separado e vai para a compostagem. Depois de dois ou três meses, vira adubo, que é vendido ou doado para moradores e para a própria Prefeitura, que usa nos jardins da cidade.
O que pode ser reciclado é vendido. O que sobra e não pode ser aproveitado vai para o aterro sanitário. Como não tem matéria orgânica, o lixo entra em decomposição sem produzir o chorume, um líquido altamente poluente. Mesmo assim, uma manta protege o solo para evitar a contaminação da água potável que está no subsolo.
Para resolver o problema do lixo, o município contou com a ajuda da Universidade de Viçosa, em Minas Gerais, que criou o projeto. A prefeitura conseguiu o investimento de R$ 1,5 milhão com uma empresa que tem sede na Holanda. A quantia é até pequena, se comparada aos benefícios que o projeto trouxe para a cidade.
Agora, o lixo dá lucros. Sairé recebe R$ 40 mil por mês através do ICMS Ecológico. “Hoje, nós temos geração de ocupação e renda, 21 trabalham na UTC, além do ICMS, que dentre outros aspectos, temos quer dar destino correto ao lixo”, explicou o secretário municipal de Administração e Planejamento, Wendes Oliveira.
O projeto também cuida do meio ambiente de outras formas, como reflorestamento. Encostas, que antes eram cheias de lixo, ganharam mudas de ipê-amarelo, maçaranduba e eucalipto. Lugares que não ofereciam benefício nenhum para os moradores, hoje, são áreas de lazer.
“Sairé Cidade Saudável” foi apresentado no 2° Encontro de Sustentabilidade e Controle Externo nos Municípios, realizado pelo Tribunal de Contas do Estado, nesta semana, no Recife. O problema do lixo está sendo resolvido em Sairé com um planejamento em longo prazo e com baixo investimento. “Acredito que saída é essa: buscar recursos lá fora, projetar e ajudar o município a fazer um trabalho digno com resíduos sólidos”, afirmou o prefeito de Sairé, Fernando Pergentino.
O exemplo apresentado no evento chamou atenção de secretários e gestores interessados em conhecer melhor o projeto e levar a ideia para seus municípios. ”Tudo que é bom deve ser copiado, principalmente quando se volta para política pública”, disse o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Abreu e Lima, Carlos Cardoso.
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